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Descomplicando Afasia #13

Junho é o Mês de Conscientização da Afasia.

 

Junho é o Mês de Conscientização da Afasia. Como já sabemos, a afasia é uma alteração da linguagem oral e da escrita causada por lesão cerebral adquirida. Podemos explicar a afasia com palavras e exemplos. Mas, nesta campanha, escolhemos a Arte para explicar, representar e sentir o que é a afasia.

 

A Arte permite transcender os limites da linguagem, explorando os sentidos de maneira única. Como intérpretes desta comunicação inclusiva, podemos romper barreiras e criar uma sinergia entre aqueles que têm afasia e aqueles que compreendem, respeitam e convivem.

 

Por isso, para este ano, a Arte foi o tema central de nossa campanha de junho, mês da conscientização da Afasia. Buscamos dar voz e visibilidade a quem tem afasia, a quem a compreende e a quem une criatividade e superação.

 

 

Reencontrar vozes e transformá-las em inspiração.

 

As artes de Paio Birolini.

 

Paio Birolini, artista plástico paulistano e ilustrador, encontra na arte uma forma de expressar a condição da afasia. Para ele, representar a afasia é um desafio, mas suas criações buscam retratar a forma de expressão de alguém com afasia, seus sentimentos e sua maneira de pensar.

 

“As palavras faltam, mas estão na ponta da língua, só precisam ser associadas às imagens que passeiam embaralhadas pela mente. São tantas imagens e palavras, são tantas vivências. Está lá, vamos fazer um esforço, vai chegar, vou lembrar. Estes desenhos foram feitos por mim, uma pessoa que ainda está com as palavras afiadas. Representar a Afasia é, portanto, difícil.” – disse Paio.

 

 

Música e pintura: as terapias de Rita.

 

Rita dos Anjos, fonoaudióloga que venceu o AVC, encontrou nas atividades artísticas suas melhores terapias. Através da pintura, da música e da dança, Rita transforma seu dia a dia rumo à recuperação da afasia. A música “Ainda resta uma bagagem”, do Katinguelê, acompanha sua trajetória desde os primeiros dias após o AVC, sofrido em dezembro de 2022.

 

Para Rita, cantar, dançar e pintar são atividades terapêuticas.

 

 

A música que ajudou Júlia.

 

Quando sofreu o AVC, Julia estava indo para o 4º ano de Medicina. E, algum tempo depois, uma nova melodia apareceu em sua vida.

 

A música “Mais Uma Vez”, composta e interpretada por Renato Russo, conta um pouco de sua trajetória. Mas era de outra pessoa, a voz que ela costumava escutar: “O Pelúcia, meu amigo, trouxe no hospital uma música do Renato Russo, “Mais uma Vez”. O Pelúcia tocava violão. Ele me ensinou a segurar o violão com a mão esquerda. A gente cantava. Aí eu tava lá pra baixo… escuridão mesmo! Raiou o sol e a vida veio à tona. Vamos viver!”.

 

A música trouxe luz à sua vida e a lembrou da importância de seguir em frente. Julia se formou médica em 2022, após vencer o AVC sofrido em 2014.

 

 

Bia encontrou, na arte, uma forma de se expressar!

 

Bia utilizou suas habilidades em cerâmica para criar um vaso de flores para representar sua Afasia:

 

“Eu pensei em um vaso, que é cheio de flores, mas possui um fundo preto. Quando eu tive Afasia, eu me sentia completamente no fundo dele, em um breu… Onde não conseguia dar sentido para as palavras. Eu via as palavras, via objetos, mas não conseguia dizer. Com o tempo, enquanto fui me recuperando e fazendo terapia, o vaso foi se enchendo de flores. Então, essa é a minha representação. O fundo escuro, mas depois passou a ser representado por flores, que simbolizam minha recuperação.”

 

 

Gabriel é um sobrevivente de AVC que enfrenta AFASIA com determinação.

 

Gabriel sofreu um AVC no início de 2021 e vem trabalhando duro para superar as dificuldades de fala, de andar e deseja voltar a dirigir pelas estradas de nosso país.

 

Ele diz: “Eu não assisto a Série Breaking Bad. Com AVC, então, metade: fala, braço, perna. Os pedaços e quebra-cabeça. Juntar as peças. AVC. Mas, calma! Calma!”

 

 

Para Sandra, a Afasia se expressa na obra de Chopin.

 

A dra. Sandra Cazelato é fonoaudióloga e trabalha com pacientes que sofrem com sequelas do AVC, como a Afasia. Ela consegue sentir nas obras de Chopin, a relação com a dificuldade de expressar em palavras:

 

“Étude Revolutionary” ou “Estudo Revolucionário” é um estudo de Chopin que caracteriza uma composição de eletricidade, vigor e fúria para despertar no povo a necessidade de união, para ligar um povo à sua causa. A interpretação do pianista pode interferir na velocidade e na dinâmica da música, e resulta, ao final, no “olhar para o futuro libertador”.

 

A Afasia pode ser representada por essa eletricidade, vigor e fúria na busca do dizer. A velocidade e a dinâmica das funções cerebrais são representadas pela linguagem de cada pessoa com afasia. Determinando, assim, o movimento de avanço, de transformação para cada tempo, cada momento da vida e do dia a dia.”

 

 

Para Aline, a Afasia se expressa em sua tatuagem do braço esquerdo.

 

Aline Alencar é Terapeuta Ocupacional de um Centro de Atenção Psicossocial, o CAPS Ad III, e trabalha com pessoas que sofrem de autismo. Em janeiro de 2023, ela sobreviveu a um AVC. E foi durante seu tratamento da Afasia que decidiu representar na pele, a marca em sua vida:

 

“Sobre a tatuagem, aqui tem um cérebro e um desenho de um fone na minha orelha, que representa o ouvir das músicas, que me ajudam bastante no dia a dia, na recuperação.

Eu tenho muitas tatuagens, mas a maioria nas parte de trás do corpo. Mas isso aqui (tatuagem do braço esquerdo) é representação da minha vida. (Olhar a tatuagem) é uma coisa que me ajuda neste período de Afasia para buscar, a cada dia, falar melhor.”

 

 

Clay vem superando a Afasia e pintou sobre isso.

 

Clay Rienzo Baliero é fonoaudióloga e mais uma a vencer o AVC. Ela também é autora do livro “Vou E Volto – Minha Vida Após o AVC”, escrito durante sua reabilitação de linguagem e publicado em 2018.

 

Após sofrer o AVC, Clay começou a pintar. E a obra escolhida por Clay para representar a Afasia foi pintada por ela em 2016 e tem o título de “Vou e Volto”:

 

“Vai e volta… Eu vou e volto… Eu tive um AVC. Do lado esquerdo do meu cérebro. Neurônios morreram. Fiquei afásica. Mas sinto que minha linguagem é perfeita – dentro de mim – não para fora.”

 

 

Para Isabel, sua tatuagem ilustra o que é Afasia.

 

Isabel Cristina teve um AVC em 2015 e nunca tinha ouvido falar de Afasia. Morou no mundo inteiro e vive agora em Paracatu-MG. Com determinação e alegria de viver, enfrenta a Afasia e motiva muita gente a superar as dificuldades de linguagem.

 

Para Isabel, estar junto com a família e os amigos, de braços dados, é o que a faz seguir em frente. É o que sua tatuagem representa:

 

“Eu gosto (de) tatuagem… Afasia. A tatuagem… Eu lembro (das) mãos. Vamos conversar… E eu consigo. Vocês representam a força aqui. Como a gente dá as mãos.”

 

 

A fotografia é a maneira de expressar os sentimentos de Elisa.

 

Elisa Lopes tem afasia, após sofrer um AVC há 18 anos. Ela sempre foi apaixonada por fotografia e até hoje faz registros dos momentos da vida e dos caminhos que percorre.

 

“Afasia. Confusão. Esquecimento.

Pensar na palavra, mas ela escapa da minha cabeça ou fica retida no pensamento. Em algum lugar ela está. Em transe. Preciso capturar a palavra. Sinapses novas. Construções novas“.

 

 

Francine é historiadora de arte, sobreviveu ao AVC e tem afasia.

 

Francine é historiadora de arte e teve um AVC em 2018. A arte sempre fez parte de sua vida e continua fundamental ao longo de sua reabilitação, na superação da afasia e das dificuldades motoras.

 

“Em novembro de 2022, eu fui à Pinacoteca por causa da exposição da artista Lenora de Barros: Minha Língua. E agora, lembrei de uma obra dela, impressa em jornal, da serie “Umas”:

 Blackout whiteout me!

Escuro-me em mim

E me clareio.”

 

 

Para Giuliana, seu canal de Youtube "AVenCer" é uma forma de falar de Afasia.

 

Giuliana é publicitária. Ela teve AVC em 2016 e tem Afasia e dificuldades motoras. Então, criou o canal “AVenCer” no YouTube e @avencersempre no Instagram, divulgando sua experiência e diversos conteúdos sobre afasia.

 

Sobre sua foto, Giu diz: “Um instante o mundo virou de cabeça para baixo. Quem era a Giuliana? Nem conseguia expressar o que eu sentia. Palavras não saem. Uma mordaça. Tristeza. Escuridão. Desespero. Sofrimento. Choro. Quem sou eu?”

 

 

Ana Tubero se dedica á reabilitação de linguagem de pessoas com Afasia.

 

Ana Tubero é fonoaudióloga e se dedica à reabilitação de linguagem de pessoas com Afasia.

 

A obra de Carlos Zílio – Memória, 2006 – é sobre ditadura, repressão e tortura. Mas Ana tem um outro olhar: o escuro da afasia e da perda de palavras e o vermelho da atividade cerebral, da linguagem e da memória revividas com a reabilitação.

 

 

Agora é sua vez

 

Como já sabemos, pessoas com Afasia sabem o que querem dizer, mas podem ter dificuldade para encontrar a palavra para se expressar. Por isso, entre artistas e pessoas inspiradas por suas obras, percebemos que a Afasia pode ser explicada, entendida e sentida de diferentes maneiras, através da Arte.

 

Durante este mês de junho, apresentamos as mais diversas formas de expressão artística para representá-la: músicas, artes plásticas, pinturas, poesias, dentre outras.

 

Por isso, agora queremos saber: Para você, em que expressão artística a Afasia pode ser representada?

 

 

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