Na Newsletter de hoje vamos falar um pouco sobre os casos de Bruce Willis e Angeli, famosos que foram diagnosticados com afasia recentemente. Vamos discutir as principais causas desse distúrbio e, é claro, você ainda vai terminar a leitura com uma dica cultural.
Podemos começar?
Afasia nas Manchetes
Um astro do cinema mundial e um dos cartunistas mais famosos do país decidiram se aposentar recentemente. Bruce Willis trocou as luzes dos holofotes pela calmaria com a família e Angeli afastou-se das publicações em jornais e agora vai registrar seus desenhos em livros que serão lançados em breve.
Ambos foram diagnosticados com afasia, um distúrbio que afeta tanto a linguagem oral quanto a linguagem escrita. Pessoas com afasia podem ter dificuldades para falar, compreender a fala dos outros, escrever e também ler.
Segundo colegas de profissão, Bruce Willis, nos últimos anos, não conseguia memorizar o roteiro dos seus filmes, o que fez com que suas falas fossem encurtadas e o ator começasse a usar ponto eletrônico de ouvido em cena. Bruce, que nunca havia tido esse tipo de problema antes, decidiu buscar ajuda e recebeu o diagnóstico de afasia.
Já o cartunista Angeli vem há alguns anos enfrentando o distúrbio, mas só recentemente decidiu divulgar o diagnóstico e a consequente aposentadoria no jornal Folha de São Paulo, mas ele não encerra a sua carreira como cartunista, segue sendo artista e desenhando, como informou sua esposa Carolina Guaycuru, em entrevista concedida ao G1.
Existem várias causas para a afasia. Bruce Willis e Angeli têm Afasia Progressiva Primária (APP), uma síndrome demencial cujo sintoma inicial é a afasia, ou seja, a dificuldade para encontrar palavras, a troca de uma palavra por outra na fala, a substituição de letras na fala e na escrita, que evolui progressivamente e impacta no dia a dia das pessoas.
Conversaremos mais sobre as causas da afasia no próximo tópico, vamos juntos?
Afasia não é uma doença e sim um conjunto de sintomas que ocorrem em decorrência de diferentes doenças ou acidentes.
A linguagem é processada no cérebro e diversos problemas nas estruturas cerebrais podem afetá-la e causar afasia. A afasia é um distúrbio de linguagem adquirido após uma lesão cerebral que ocorre geralmente no hemisfério esquerdo do cérebro, tanto em pessoas destras ou canhotas. Ninguém nasce com afasia. A afasia secundária ao AVC ou TCE tem início repentino, de um momento para outro a pessoa fica com alterações de linguagem que variam em características e em gravidade, de acordo com a localização e a extensão da lesão cerebral. A afasia na APP tem início lento e progressivo e, por isso, nem sempre as pessoas procuram ajuda para fazer um diagnóstico precoce e tratamento.
Tudo certo até aqui? Agora, vamos mostrar algumas situações que podem causar a afasia.
Confira:
Essa é considerada a causa mais comum de afasia. O paciente tem um AVC ou o rompimento de um aneurisma, ambos acontecem de uma forma repentina e, em consequência, passa a manifestar a afasia.
Quando são eventos únicos, com o passar do tempo o cérebro se reorganiza e, com ajuda da reabilitação, a pessoa consegue apresentar melhora.
Outra causa são os tumores, se eles estiverem localizados em áreas do cérebro que processam a linguagem, é possível que se manifeste a afasia.
Mas tumores não crescem de um dia para o outro, os sintomas vão surgindo lentamente e se intensificando de acordo com sua localização e extensão. Quando o tumor é tratável, os sintomas podem regredir.
Andando de patins, de skate, dirigindo sem cinto de segurança, praticando algum esporte… Quando você não toma os cuidados necessários, pode sofrer algum tipo de acidente com impactos na cabeça, gerando um traumatismo craniano. Se o TCE lesionar áreas de processamento linguístico, as chances de desenvolver afasia aumentam.
Mas assim como nos casos vasculares, por ser evento único, o cérebro reorganiza-se e, com ajuda da reabilitação, a pessoa consegue melhorar.
Existem alguns tipos de vírus e/ou bactérias que se alojam no sistema nervoso e provocam inflamação nas células, gerando a afasia.
Ao tratar o agente infeccioso, reverte-se ou ameniza-se o quadro.
Esse tipo de doença, geralmente, deve-se ao crescimento de proteínas anômalas no sistema nervoso, ocasionando a morte de neurônios. A causa tem uma parcela genética e uma
parcela de estilo de vida, maus hábitos, como tabagismo e sedentarismo, podem aumentar a chance de ter o quadro.
Nas doenças degenerativas, quando morrem principalmente neurônios que processam a linguagem (como nas APPs), tem-se como consequência a afasia. Desta forma, semelhante aos tumores, estas células vão se multiplicando lentamente, até chegar ao ponto de começarem a causar sintomas. Estes, quando surgem, são leves e muitas vezes nem são valorizados. Mas a doença, como continua a progredir, fará com que as dificuldades aumentem pouco a pouco. São casos em que não há cura, mas existe tratamento!
Essas são algumas situações que podem causar afasia. Hoje, mesmo com diversos estudos e pesquisas, as causas da afasia ainda são pouco divulgadas e existem pessoas que confundem a Afasia Progressiva Primária com a doença de Alzheimer.
Vamos falar agora sobre a diferença entre elas, confira.
Em que a APP assemelha-se à doença de Alzheimer? Ambas são doenças neurodegenerativas que causam demência. Então, percebam que neste caso, a APP é uma doença que causa a síndrome afásica e provoca principalmente a morte de neurônios que processam a linguagem.
Já a doença de Alzheimer causa essencialmente a morte de neurônios que processam a memória, por isso os sintomas não são iguais. Isso impacta nas atividades de vida de forma diferente. Uma pessoa com APP, apesar de comunicar-se com dificuldades, ainda mantém a independência em muitas atividades por um longo período, porque a memória não está tão prejudicada. Já a doença de Alzheimer tem um impacto funcional maior, pois a pessoa tem dificuldade para lembrar fatos novos e para se orientarem lugares diferentes.
Lembrete importante
Todos os problemas/doenças têm níveis diferentes de gravidade, ou seja, uma pessoa pode ter um AVC pequeno, em um local em que a linguagem não é processada, e ficar com uma afasia leve. Já outra, pode ter um TCE grave, com lesão ampla, e ficar com afasia grave. Além disso, o impacto da afasia em cada sujeito depende da escolaridade, da idade, do nível de interação social, da presença de comorbidades etc. Por isso, cada caso é único.
Com tantas informações sobre afasia circulando na mídia recentemente, é importante buscar conhecimento com profissionais qualificados e que entendam do assunto. Publicamos há alguns dias no nosso perfil do Instagram (@PortaldaAfasia) um vídeo com a Dra. Ana Lucia falando um pouco sobre as causas e as diferenças entre as afasias.
Clique aqui e confira
E para encerrarmos esta newsletter de hoje, trouxemos a dica do Livro “Vou e Volto – minha vida após o AVC”, um livro sobre afasia e sobre como conviver com a afasia. Sua autora, Clay Rienzo Balieiro, é fonoaudióloga e teve um AVC em 2008 que deixou como sequela a afasia. Ao longo das páginas do livro vamos acompanhar sua trajetória e descobrir como Clay aprendeu a conviver com a afasia.
Essa é uma ótima leitura para que você possa entender melhor a afasia e fazer com que sejam abertas portas para o entendimento, a acolhida e a convivência empática com as pessoas que têm afasia.
Junho é o mês da conscientização da afasia, por isso estamos desenvolvendo uma campanha e preparando conteúdos especiais para publicar durante todo o mês. Continue acompanhando nossas redes sociais e aguarde novidades!
Você gostou dessa news? Compartilhe com seus amigos, colegas e familiares.
Vamos juntos disseminar informação sobre a afasia.
A newsletter Descomplicando Afasia é uma iniciativa do Portal da Afasia, uma grande fonte de informações sobre afasia para todo o Brasil.
Para mais informações sobre Afasia e APP, você sempre pode acessar o nosso site! Lá, você encontra conteúdos completos sobre o assunto.
